Programa Jovem Aprendiz Indígena em Contexto Urbano
Categoria prêmio LED:
Âmbito de atuação:
Localidades:
Público do projeto:
Pessoas impactadas:
Resumo
Replicabilidade da experiência:


Objetivo
Implementar o Programa Jovem Aprendiz pela Lei da Aprendizagem n° 10.097/2000, com jovens indígenas vivendo em contexto urbano.
Problemas enfrentados pelo projeto
Desenvolver ambientes de trabalho com maior equidade de oportunidades e relações socioculturais mais justas e plurais; reduzir as vulnerabilidades dos jovens indígenas em contexto urbano; ampliar oportunidades de empregabilidade, geração de renda e de acesso às políticas sociais; exercer os princípios da democracia participativa, do controle social do SUS e as tratativas nacionais e internacionais dos direitos dos povos originários; garantir o protagonismo de gestores indígenas; fortalecer a identidade indígena e os valores étnicos; e superar um modelo educacional passivo e esvaziado de significado social.
Descrição da Atividade
Desde a concepção até a estruturação pedagógica das atividades, o projeto produz uma agenda específica para o Programa Jovem Aprendiz pautada na diversidade cultural no ambiente de trabalho, no combate ao racismo estrutural, ao machismo na perspectiva das mulheres indígenas e aos preconceitos étnicos.
As estratégias de implementação do projeto estão estruturadas em três
eixos:
Empregabilidade e geração de renda – A ausência de oportunidades de emprego para indígenas foi o primeiro desafio da metodologia, criando a necessidade de implementação de um processo seletivo específico para os jovens indígenas. O protagonismo dos gestores indígenas é muito importante neste processo para a redução das desigualdades no mundo do trabalho corporativo, por meio do envolvimento das associações, movimentos sociais indígenas, conselheiros indígenas de saúde, caciques, lideranças femininas e masculinas na concepção e execução das propostas. Realizam encontros nas aldeias e comunidades, garantindo um processo coletivo de esclarecimento da proposta, consulta prévia e concordância dos vários atores sociais. Junto a eles é realizada a adequação do programa à realidade sociocultural, identificação de potenciais candidatos, e recrutamento e seleção dos jovens. Após a contratação, é necessária uma atenção especial para a formação de um vínculo institucional com os jovens, por meio do acolhimento nos setores onde ocorrem as atividades práticas nas empresas, rodízio em todos os setores da instituição para ampliar o repertório de aprendizagem, acompanhamento junto aos pais e lideranças durante o vínculo institucional.
A iniciativa também oferece suporte na elaboração de currículos e participação em processos seletivos de instituições e associações indígenas.
Fortalecimento da identidade indígena e dos valores étnicos – Os gestores da iniciativa acolhem as demandas socioculturais dos participantes e realizam a interlocução com os setores. Os jovens protagonizam oficinas de valorização das tradições culturais e promovem a interação de funcionários, lideranças, anciãos e educadores indígenas, cultivando o respeito à diversidade. Instituições parceiras oferecem apoio vocacional e psicológico aos jovens em vulnerabilidade psicossocial e aulas da língua portuguesa, buscando atender demandas trazidas pelos jovens. Ao ampliar a noção de pertencimento, também são potencializadas a capacidade de transformação, a atuação em rede e o envolvimento com suas comunidades, fortalecendo associações, escolas e segmentos sociais.
Aprendizagem inclusiva e significativa – O projeto se propõe a superar um modelo educacional com poucos estímulos à uma aprendizagem realmente significativa, limitado à transferência de conhecimento nas escolas formadoras e habilidades operacionais nas atividades práticas, de forma monótona, em áreas de recepção, almoxarifado e logística. Por este motivo, integra temas como diversidade cultural no ambiente de trabalho, combate ao racismo e direitos dos povos indígenas são integrados a um conteúdo de Administração mais ampliado e crítico. Desta forma, buscam relações mais horizontais, a valorização dos conhecimentos prévios do jovem no ambiente da empresa e a aplicação prática daquilo que aprendem. Além das competências profissionais, também estimulam o ingresso no ensino
superior, com parcerias de cursinhos pré-vestibulares e instituições de ensino que oferecem bolsas de estudos.
Pautados nestas três estratégias de implementação, desenvolveram roteiros pedagógicos com aulas expositivas, oficinas, rodas de diálogo,
instrumentos de avaliação e guias de monitoramento. Os roteiros estão
assim distribuídos: mapeamento territorial de famílias, grupos étnicos, fluxo de circulação, lideranças e associações indígenas que vivem em contexto urbano; mapeamento do perfil da juventude indígena e potenciais candidatos; recrutamento e seleção adequados à realidade local, com participação social; relatórios quantitativos e qualitativos de processos seletivos, reuniões nas comunidades e oficinas pedagógicas de diversidade cultural e étnica; conteúdo programático das escolas formadoras e dos setores onde são realizadas as atividades práticas; desenho pedagógico da plataforma virtual de aprendizagem por grupos étnicos; gravação das oficinas pedagógicas realizadas por videoconferência; instrumentos de avaliação e monitoramento; roteiro de parcerias com instituições de ensino superior e cursinhos pré-vestibulares para continuidade nos estudos; e parcerias com associações indígenas, comitês de diversidade e organizações públicas e privadas sensíveis à inclusão de indígenas no mundo do trabalho.
A pandemia da Covid-19 demandou novas competências de jovens e educadores envolvidos, e possibilitou uma aproximação virtual com jovens de São Paulo, Mato Grosso e Pará, o que enriqueceu o processo de ensino aprendizagem do projeto. As ações foram adaptadas para a modalidade de ensino a distância, com plataforma virtual de aprendizagem, videoconferências e WhatsApp.
ODS atingidos


















Público direto
Atividades realizadas
Temas
Fotos








Materiais utilizados
Monitoramento e avaliação
Resultados
● 370 jovens indígenas inscritos em processos seletivos.
● 86 jovens com empregabilidade imediata na Associação Paulista
para o Desenvolvimento da Medicina e em 8 organizações parceiras
do projeto.
● 55 jovens acessaram cursos pré-vestibulares após o programa e 25
ingressaram na universidade, 15 com bolsas de estudos.
● Ampliação das ações iniciadas em São Paulo para outros dois
estados: Mato Grosso e Pará, em convênio com a Secretaria
Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde. Atualmente são
os responsáveis pelo recrutamento, seleção e contratação de
trabalhadores da saúde para a assistência nestes territórios.
● Convite, pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, para
apoio na elaboração de Projeto de Lei de Cotas e replicação do
Programa Jovem Aprendiz para jovens indígenas.
● Publicações da experiência em fóruns de estudo como o Congresso
Internacional de Povos Indígenas da América Latina 2019 e
Congresso Rede Brasileira de Educação Direitos Humanos – UFPE
2021.
● Participação em comitês de diversidade em empresas e
universidades.
● Participação dos jovens que passaram pelo programa como
educadores de novos grupos e para atuar em diversas frentes de
defesa de direitos de suas comunidades, como associações
indígenas, escolas indígenas e controle social.
● De acordo com a avaliação qualitativa dos jovens: 90% se sentem
acolhidos e valorizados como indígena; 88% não percebem
discriminação étnica no local de trabalho; 100% percebem que
habilidades tecnológicas, falar em público e exercitar língua
portuguesa são úteis em seu papel social; e 77% dos educadores
percebem maior competência educativa intercultural.
● População de 46.200 indígenas beneficiados, sendo 28 etnias e
cerca de 540 aldeias, segundo dados oficiais do Ministério da Saúde.
Rede articulada pela proposta
Faculdade Paulista de Ciências da Saúde da Associação Paulista para o
Desenvolvimento da Medicina, União de Núcleos de Educação Popular
para Negras/os e Classe Trabalhadora (UNEafro Brasil), Faculdade de
Psicologia da PUC-SP, Colmeia Instituição a Serviço da Juventude, SPDM Hospital São Paulo, SPDM PAIS, Instituto Raoni, Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), Drogasil, Ministério Público do Trabalho (MPT), Promoção dos direitos dos povos indígenas e quilombolas (Proinq), Programa Pindorama (PUC-SP), Cursinho Pré-Vestibular Cuja UNIFESP, Pró-reitoria de Ações Afirmativas e Assistência Estudantil da UFBA, Associação Indígena Empodera Ataxa, Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde.